O triunfo eleitoral de Lula da Silva, em oito pontos chave
A figura mais relevante da esquerda latino-americana ganha pela terceira vez a presid¨ºncia da maior economia regional
Lula voltou ao poder no Brasil. O retorno da figura mais importante da esquerda latino-americana na hist¨®ria recente foi confirmado neste domingo com sua vit¨®ria sobre o extrema-direita Jair Bolsonaro. A vit¨®ria de Lula, sua terceira vit¨®ria em uma elei??o presidencial, ¨¦ o resultado de uma s¨¦rie de fatores. Aqui est?o os oito fatores-chave:
- Medo de deriva autorit¨¢ria. O medo dos brasileiros de uma escalada autorit¨¢ria do p...
Lula voltou ao poder no Brasil. O retorno da figura mais importante da esquerda latino-americana na hist¨®ria recente foi confirmado neste domingo com sua vit¨®ria sobre o extrema-direita Jair Bolsonaro. A vit¨®ria de Lula, sua terceira vit¨®ria em uma elei??o presidencial, ¨¦ o resultado de uma s¨¦rie de fatores. Aqui est?o os oito fatores-chave:
- Medo de deriva autorit¨¢ria. O medo dos brasileiros de uma escalada autorit¨¢ria do presidente derrotado, Jair Bolsonaro, compensou o desinteresse que muitos ainda sentem por Lula, a quem n?o perdoam os atos de corrup??o dos seus dois governos anteriores. Lula baseou sua campanha em uma batalha entre o amor, representado por sua candidatura e o ¨®dio, personificado por seu rival. As amea?as de Bolsonaro de n?o reconhecer os resultados eleitorais e o apoio das For?as Armadas, a quem ele entregou postos-chave do governo, como o Minist¨¦rio da Sa¨²de em meio da pandemia, fortaleceram a op??o do candidato de esquerda de defender a democracia.
-A pandemia. Com quase 700.000 mortes pelo coronav¨ªrus, sua gest?o desastrosa fez que Bolsonaro sentisse seus efeitos sobre os resultados das urnas. Os brasileiros n?o perdoaram pela demora na compra de vacinas, milhares de mortes evit¨¢veis e sua falta de empatia para com as v¨ªtimas. Ele se proclamou anti-vacinas, se op?s ¨¤s quarentenas decretadas pelos governos estaduais e promoveu o uso de medicamentos sem sustenta??o cient¨ªfica.
-Ampla alian?a. Lula, como em suas duas vit¨®rias eleitorais anteriores, foi capaz de ampliar sua base eleitoral com alian?as ¨¤ esquerda e direita. A escolha de Geraldo Alckmin, um l¨ªder de centro-direita que derrotou nas elei??es presidenciais de 2006, como seu companheiro de candidatura, aproximou-o ao voto moderado que era desconfiado pelo Partido dos Trabalhadores. Lula acrescentou o apoio, a t¨ªtulo pessoal, do ex-presidente social-democrata Fernando Henrique Cardoso, um rival hist¨®rico. Todos eles foram movidos por um esp¨ªrito de cruzada democr¨¢tica contra os discursos de ¨®dio propagados por Bolsonaro. ? esquerda, Lula trouxe de volta figuras como a ex-ministra do meio ambiente de seu primeiro governo, Marina Silva.
- A mem¨®ria de tempos melhores. A vota??o no Nordeste, sua regi?o natal e a mais pobre, mais uma vez foi esmagadoramente para Lula. As pessoas mais pobres lembram que h¨¢ 15 anos atr¨¢s estavam melhor do que est?o agora e esperam um retorno a essa bonan?a. A satisfa??o desta demanda de prosperidade ser¨¢ um dos principais desafios do novo presidente: o vento de cauda que empurrou as economias latino-americanas para um crescimento sem precedentes n?o existe mais.
-O efeito Jefferson. Agora ¨¦ poss¨ªvel medir o impacto da proximidade pessoal e ideol¨®gica de Bolsonaro com Roberto Jefferson, o ex-deputado que no domingo passado recebeu com tiros e granadas os policiais que se preparavam para prend¨º-lo em uma ordem judicial. O presidente da extrema-direita rapidamente tentou-se distanciar de seu aliado e tentou lig¨¢-lo ao PT porque recebeu subornos e denunciou o caso mais tarde conhecido como Mensal?o. Mais os danos ¨¤ Bolsonaro j¨¢ foram feitos. Se havia um voto n?o decidido ou disposto a ficar em casa, optou por Lula.
-O espinho de S?o Paulo. Como esperado, Bolsonaro ganhou confortavelmente no estado mais rico do Brasil. Seu candidato a governador, Tarc¨ªsio Gomes Freitas, ex-ministro nascido no rival Rio de Janeiro, venceu Fernando Haddad, ex-candidato ¨¤ presid¨ºncia do PT e ex-prefeito de S?o Paulo. Lula ter¨¢ que enfrentar um bolsonarista ¨¤ frente do governo mais importante do pa¨ªs.
-Um Congresso de direita. Lula n?o ter¨¢ apenas um contrapeso em S?o Paulo. Ele ter¨¢ que governar com um Congresso claramente conservador. O partido de Bolsonaro, o Partido Liberal (PL), ter¨¢ a maior bancada da C?mara de Deputados, com 99 assentos, um em cada cinco. Ser¨¢ muito dif¨ªcil para o PT de Lula e seus aliados construir uma maioria. Lula ter¨¢ que mostrar que ele ainda tem intactas as habilidades de negocia??o que foram a marca de seus dois primeiros mandatos no cargo.
-O voto evang¨¦lico. Mais de 65 milh?es de brasileiros, um ter?o da popula??o, se declaram evang¨¦licos. No primeiro turno, 65% votaram em Bolsonaro. Embora seja muito cedo para falar de porcentagens, o resultado de domingo teria sido inating¨ªvel para Lula se ele n?o tivesse participado daquela fatia da vota??o. O vencedor usou a ¨²ltima semana da campanha para chegar a este setor da popula??o com uma carta na qual ele prometeu n?o fechar igrejas, uma das mentiras que o bolsonarismo espalhou nas redes para prejudic¨¢-lo. Uma campanha agressiva pr¨®-Bolsonaro nas igrejas pentecostais tamb¨¦m acabou afugentando os fi¨¦is mais moderados, que finalmente se voltaram para o candidato de esquerda.
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