O processo de paz na Col?mbia esbarra na participa??o pol¨ªtica das FARC
Os negociadores do Governo de Santos e a guerrilha retomaram, na segunda-feira, as conversas em Havana
O governo colombiano e as FARC come?aram na segunda-feira, em Havana (Cuba), uma nova rodada de conversas de paz. O Executivo, que negocia o fim do conflito com as FARC, n?o fez nenhum tipo de declara??o ao in¨ªcio da d¨¦cima terceira rodada de di¨¢logos, exatamente quando se cumprem nove meses de negocia??o, nos quais chegou-se apenas a acordos sobre a quest?o agr¨¢ria, a primeira de uma agenda de seis. As equipes negociadoras continuar?o discutindo a eventual participa??o na pol¨ªtica da guerrilha, ap¨®s sua desmobiliza??o.
Os negociadores das FARC, que habitualmente tomam o microfone para tornar p¨²blicas suas propostas, tampouco disseram muito. Iv¨¢n M¨¢rquez, vice-l¨ªder das FARC e principal negociador da guerrilha, concentrou seu discurso na greve agr¨¢ria realizada desde segunda-feira por v¨¢rios setores contra o governo. M¨¢rquez pediu ao presidente Juan Manuel Santos que ¡°n?o criminalize o direito ao protesto¡±, j¨¢ que diferentes funcion¨¢rios do governo advertiram que este poderia estar infiltrado pelas FARC.
O l¨ªder guerrilheiro tamb¨¦m aproveitou para dizer a Santos que revise os Tratados de Livre Com¨¦rcio (TLC) firmados com pa¨ªses como Estados Unidos porque, garante, eles n?o ¡°se importam com a realidade econ?mica nacional¡±.
Humberto de la Calle, l¨ªder negociador do governo, depois de afirmar que nunca se havia chegado t?o longe em uma negocia??o com as FARC, disse h¨¢ alguns dias, durante a Assembleia Geral da Asociaci¨®n Nacional de Industriales, que se a paz fosse firmada, a pol¨ªtica mudaria na Col?mbia. ¡°A paz implica o desaparecimento da mistura de armas e urnas, mas a pol¨ªtica, na minha opini?o, ser¨¢ mais aguda, mais controversa, mais ideol¨®gica, temos que estar preparados para isso¡±, disse aos empres¨¢rios.
O Alto Comissionado para a Paz, Sergio Jaramillo, tamb¨¦m aproveitou o recesso de uma semana antes de voltar a Havana na segunda-feira para pedir aos governantes de todo o pa¨ªs que fa?am uma campanha a favor da paz. ¡°Precisamos pensar em uma verdadeira campanha de mobiliza??o cidad?. Assim como fizemos uma campanha para a guerra, temos agora que fazer uma campanha para a paz¡±, afirmou Jaramillo.
Do lado da guerrilha, esta rodada come?a com a not¨ªcia da morte de dois dos l¨ªderes da Sexta Frente, Ciro Antonio Pati?o Orozco, tamb¨¦m conhecido como el Burro, e Arley Medina Prado, o Jaimito, depois de uma opera??o conjunta entre a For?a A¨¦rea e a Pol¨ªcia de Cauca, no sul do pa¨ªs.
Segundo relat¨®rios da For?a P¨²blica, esses guerrilheiros foram respons¨¢veis por ataques contra a popula??o ind¨ªgena, e Jaimito seria o bra?o direito de Pablo Catatumbo, um dos homens fortes das FARC em Havana. As mortes dos guerrilheiros foram celebradas pelo presidente Santos, que publicou em sua conta no Twitter: ¡°Outro cabe?a da frente 6 das FARC (s?o 46) e seu No. 2 foram abatidos por nossa for?a p¨²blica. Parab¨¦ns, e a ordem ¨¦ perseverar¡±.
Esses golpes aconteceram quando o mandat¨¢rio anunciou a troca da c¨²pula militar e exigiu que o novo comando intensificasse as opera??es contra as guerrilhas. Durante a cerim?nia de troca de comando, no s¨¢bado passado, em Bogot¨¢, o presidente disse que a ofensiva continuar¨¢, e ter¨¢ fim apenas quando se firmar um acordo de paz. ¡°Temos ¨¤ frente o fim dessa guerra. Toda guerra termina com acordos, toda guerra termina em uma conversa com o inimigo¡±, afirmou.
Santos tamb¨¦m se referiu a um comunicado do l¨ªder m¨¢ximo das FARC, Timole¨®n Jim¨¦nez, mais conhecido como Timochenko, que criticou as declara??es do presidente e seu ministro da Defesa, Juan Carlos Pinz¨®n, de que o guerrilheiro continua sendo um alvo militar. ¡°Essas foram as condi??es desde o primeiro dia em que iniciamos os di¨¢logos. N?o vai haver cessar-fogo, n?o vamos baixar a guarda enquanto n?o firmarmos o acordo".
E enquanto transcorre um novo ciclo de conversas, a Col?mbia espera que a Corte Constitucional decida se aprova ou n?o o Marco Jur¨ªdico para a Paz, uma reforma constitucional elaborada levando em considera??o o p¨®s-conflito, e que introduziria mecanismos de justi?a espec¨ªficos em momentos de transi??o para desmobilizados das guerrilhas, algo que as FARC recusaram, por considerarem uma iniciativa unilateral do governo.
Dizem que o magistrado Jorge Ignacio Pretelt apoia a reforma, mas tamb¨¦m veio a p¨²blico uma carta enviada por uma promotora da Corte Penal Internacional, Fatou Bensouda, ¨¤ Corte colombiana, contendo obje??es ¨¤ possibilidade de suspender as penas aos autores de viola??es graves dos direitos humanos. A carta de Bensouda, contr¨¢ria ao Marco Jur¨ªdico para a Paz, afirma que ¡°a suspens?o de penas iria de encontro a sua finalidade, pois impediria, na pr¨¢tica, a puni??o ¨¤queles que cometeram os crimes mais graves¡±.
Tradu??o de?Ana Mendo?a
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