Pol¨ºmica pelos insultos homof¨®bicos de um deputado chavista a Capriles
O governo questionou em v¨¢rias ocasi?es a vida pessoal do ex-candidato presidencial
![Nicolas Maduro, ostentando uma bandeira da comunidade LGBT. / EFE](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/7JJJNXQ4SWOPNH4HAXZL4REUFA.jpg?auth=21ef0d5d7927192f619a780886f52801294b1c233cbf387b70d9a1bd5440662e&width=414)
¡°Responda, homossexual. Aceite o debate, maric¨®n¡±, disse o deputado do partido Socialista Unido de Venezuela, Pedro Carre?o, ao ex-candidato presidencial Henrique Capriles na sess?o da Assembleia Nacional desta ter?a-feira. O discurso rude de Carre?o tocou em um tema que ¨¦ obsess?o do Governo e seus partid¨¢rios: a vida privada do l¨ªder opositor. O governo j¨¢ questionou v¨¢rias vezes por que, aos 41 anos, o governador do estado de Miranda ainda n?o se casou.
As declara??es de Carre?o foram o lament¨¢vel resultado de um acordo entre o governo e seus aliados que pretendia, a princ¨ªpio, condenar ¡°a atua??o corrupta¡± da dire??o pol¨ªtica do partido de Capriles, o Primero Justicia. Para isso, os chavistas apresentaram provas contra ?scar L¨®pez, diretor do gabinete do Governo de Miranda, a quem qualificaram como o czar das finan?as da oposi??o e acusaram de torrar cerca de 190.000 d¨®lares em ¡°bacanais¡±. Mostraram duas fotografias dele: em uma, ele estava vestido de mulher. Na outra, abra?ado a um homem.
Na Venezuela, muitos est?o cientes dos prec¨¢rios direitos da comunidade gay e transexual na legisla??o local. Ao analisarmos os avan?os de Col?mbia, Argentina, Equador, Uruguai, M¨¦xico e alguns estados dos Estados Unidos em termos de diversidade sexual, fica claro que a Revolu??o Bolivariana sequer aventou a possibilidade de votar no Parlamento o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o reconhecimento da identidade dos transexuais. O tom homof¨®bico de Carre?o tamb¨¦m fez com que muitos venezuelanos se perguntem se essa aus¨ºncia de legisla??o n?o faz parte da estreita vis?o de mundo exibida pelo chavismo durante quase tr¨ºs quinqu¨ºnios no poder.
Prevendo o impacto negativo sobre a opini?o p¨²blica das palavras de Carre?o ¨C um deputado que no passado afirmou que o ex-assessor de Alberto Fujimori Vladimiro Montesinos foi assassinado e que a televis?o por assinatura ¨¦ na verdade um mecanismo para espionar o lar dos venezuelanos ¨C o Governo fez v¨¢rios esfor?os para tirar o lastro do discurso homof¨®bico. ¡°Jamais fui ou serei homof¨®bico. A revolu??o reivindicou o respeito ao ser humano¡±, afirmou Maduro na tarde de quarta-feira, com a bandeira do arco-¨ªris sobre um ombro e acompanhado de gays e l¨¦sbicas. Por¨¦m, imediatamente depois, ele semeou d¨²vidas sobre a orienta??o sexual de Capriles e seu colaborador L¨®pez: ¡°O gabinete de um governador tem sido utilizado para prostituir jovens¡±, garantiu. Tamb¨¦m intercedeu por Carre?o ¨C que ofereceu suas desculpas - a Defensora do Povo, Gabriela Ram¨ªrez.
Em 2011, foi aprovada na Venezuela uma Lei Org?nica contra a Discrimina??o Racial. Uma de suas impulsoras, a advogada transexual Tamara Adri¨¢n - membro do partido opositor Voluntad Popular ¨C recorda que o projeto pretendia estabelecer as bases para prevenir e sancionar todo tipo de discrimina??o, mas que a discuss?o final se limitou ¨¤quela baseada em etnia. Ela afirma que h¨¢ diferen?as entre o texto que saiu do Parlamento e aquele publicado na Gazeta Oficial. Na sua opini?o, o partido do governo ¨¦ ¡°homof¨®bico e transf¨®bico por a??o e omiss?o¡±, e d¨¢ como exemplo sua pr¨®pria experi¨ºncia.
O Estado venezuelano n?o reconheceu o desejo de Tamara Adri¨¢n, talvez o s¨ªmbolo dos transexuais na Venezuela, de ser aceita como uma mulher. Perante a lei, ela continua sendo Tom¨¢s Adri¨¢n, embora em 2002 tenha mudado de sexo na Tail?ndia. As institui??es pro¨ªbem mudan?a de nome ou o reconhecimento do casamento homossexual estrangeiro. Na Venezuela, vive-se um ¡°caso t¨ªpico de homofobia do Estado¡± no qual a m¨¢quina governamental se coloca contra determinadas pessoas ¡°por sua diversidade sexual real ou percebida¡±, afirmou ¨¤ ag¨ºncia AFP.
A oposi??o aproveitou a condena??o generalizada das organiza??es que pregam o respeito pelas minorias para denunciar que est¨¢ sendo v¨ªtima de uma nova persegui??o. A associa??o civil Venezuela Diversa, por exemplo, manifestou-se preocupada com as declara??es de Carre?o que, no seu entender, estimulam a viol¨ºncia de uns contra outros, a utiliza??o de descri??es carregadas de ¨®dio e agressividade baseadas na filia??o ideol¨®gica e partid¨¢ria, a orienta??o sexual ou identidade de g¨ºnero como argumento discursivo diante da opini?o p¨²blica. O coordenador nacional do Primero Justicia, Julio Borges, anunciou que viajar¨¢ para Portugal para denunciar o que considera como uma arremetida contra a dissid¨ºncia.
Capriles, enquanto isso, preferiu se concentrar nas acusa??es de pagamentos irregulares contra seu partido e na amea?a de sua pris?o feita pelo n¨²mero dois do chavismo, o presidente do Parlamento Diosdado Cabello, para lan?ar uma advert¨ºncia n?o isenta de vulgaridades: ¡°Andam dizendo por a¨ª que v?o me prender. Que se matem para conseguir isso, porque estou pronto! O povo j¨¢ sabe o que tem de fazer¡±.
Traducci¨®n de Ana Mendo?a
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